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Dona Nena: transformação que inspira

Ribeirinha amazônica, com aptidão para encarar os desafios e tornar seu sonho realidade, transformou a receita da família de um chocolate rústico 100% orgânico, em um delicioso negócio sustentável. Tudo isso respeitando e preservando culturas, tradições e o meio ambiente em que vive e ainda gerando emprego e renda à população local. 

A seguir, você acompanha entrevista exclusiva e na íntegra, diretamente da Ilha do Combu, que a Dona Nena, gentilmente concedeu à equipe da Castelli Escola de Chocolataria. Nossos agradecimentos especiais ao nosso ex-aluno Mário de Carvalho, gerente da Filha do Combu, que fez todo o trâmite para termos a dona Nena aqui, nas páginas do nosso CHOCOLATEAR:



1)      Me conta um pouquinho da sua história com esse fruto chamado cacau.

Desde criança via meus pais trabalhando com o cacau, secando as amêndoas para vender aos atravessadores que levavam o produto para Belém. Mas o cacau passou a ter outro significado quando me casei e fui morar no igarapé Combu. Lá vi a forma carinhosa com que meu sogro cultivava e fazia a secagem do cacau. Ele não gostava de perder uma amêndoa sequer. Nessa época, nós não consumíamos o cacau. Quase toda a produção era vendida. Apenas uma pequena parte ficava em casa e fazíamos o chocolate moendo no pilão, acrescentando açúcar. Era apenas para a família consumir, quando recebíamos visitas ou em ocasiões especiais.

2)      De extrativista a cuidadora do plantio e manejo do cacau... Quando e por que esse processo foi despertado na sra.?

O trabalho com o chocolate começou em 2006. Era uma chance de complementar a renda da minha família com um produto diferenciado e vi que tinha espaço para crescer. Então, resolvi focar no trabalho com o cacau, que ninguém trabalhava na feira.

3)      Como a sra. resolveu beneficiar o seu próprio produto e criar a marca Filha de Combu? Desde quando a sra. teve esse olhar ao beneficiamento do produto genuinamente amazônico?

A marca Filha do Combu foi criada aos poucos. Eu primeiro fazia apenas a barrinha rústica de cacau com açúcar. Depois, o produto foi melhorando e até retirei o açúcar da receita quando deixei de fazer no pilão e passei para o moedor. Precisei abrir uma empresa (MEI) para poder vender também para os restaurantes. Na minha empresa sempre procurei valorizar a realidade do ribeirinho, o resgate da receita da família e da minha vontade de adaptar esse produto e deixá-lo mais saudável, sem perder essa essência.

4)     A sra. imaginava que era possível transformar uma receita familiar em uma fonte de renda sustentável e ainda beneficiar outras famílias ribeirinhas, além de resgatar a cultural e a tradição regional?

Não imaginava que tudo seria dessa forma, desse tamanho. Tinha vontade de crescer e queria o melhor pra minha família e fico muito feliz sabendo que contribuo com a comunidade. Eu nunca me vejo como empresária. Foi uma coisa boa poder ter essa condição de melhorar a situação em casa e ajudar outras pessoas.

 

5)   Sei que a sra. foi para Canela estudar, se especializar, buscar conhecimento. Fez a formação profissional em chocolataria... Gostaria de saber como a sra. chegou à CASTELLI ESCOLA DE CHOCOLATARIA e como esse novo aprendizado impactou na sua vida, nos seus negócios?

 

Eu achava que eu nem podia fazer o curso na Castelli devido eu não ter o ensino médio completo. Devo tudo isso ao Mário de Carvalho, o atual gerente da empresa, e à esposa dele, a Keila, que acreditaram em mim.

 

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