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Entrevista com Carolina Peralta

Nossa ex-aluna, Carolina Peralta, é uma das selecionadas para a Bolsa de estudos do Grupo Sommet Education.

Em junho desse ano, a Organização Mundial do Turismo (OMT) em parceria com a Sommet Education lançaram o Hospitality Challenge: um desafio para identificar pessoas e ideias capazes de acelerar a recuperação do setor do turismo no momento da pandemia provocada pela Covid-19. A iniciativa recebeu quase 600 inscrições de todo o mundo. Foram selecionados 30 finalistas, que conquistaram a tão sonhada bolsa de estudos completa para cursos de mestrado, MBA e pós-graduação, bem como especializações em 30 programas diferentes de Hotelaria e Gastronomia, do Grupo Sommet Education: Glion Institute of Higher Education, Les Roches e École Ducasse. Para nossa alegria, Carolina Peralta, formada na Castelli Escola Superior de Hotelaria, é a protagonista de um dos 30 melhores projetos. Agora, a nossa torcida está para que ela fixe o seu projeto entre os três mais empreendedores e traga para casa, como prêmio, capital inicial para colocar em prática seu plano de impactar positivamente vidas e fomentar o setor de Hotelaria no nosso país. A seguir, num delicioso bate-papo, onde Hospitalidade é nossa diretriz, ela conta tudo sobre seu projeto, os desafios e como a formação na Castelli influenciou na sua premiação. 

1) Em junho de 2020, a Organização Mundial do Turismo (OMT) e a Sommet Education lançaram o Hospitality Challenge. Um desafio concebido para identificar ideias e personalidades capazes de acelerar a recuperação do setor do turismo. Me conta por que você se inscreveu e qual foi a sua proposta, o seu projeto?

Eu me inscrevi porque já tinha um grande desejo de estudar na Les Roches, inclusive já tinha lido muito sobre o curso que me inscrevi. Durante a pandemia, eu junto com o meu ex-colega da Castelli, e grande amigo Ramadan Spadarott, começamos a desenvolver um projeto de um curso on-line para os profissionais das áreas de alimentos e bebidas, a qual é a área que ambos atuam. E quando surgiu esse concurso, não pensamos duas vezes que deveríamos enviar o nosso projeto. Porém, novas ideias iam surgindo à medida que o projeto ia sendo desenhado... E o que era apenas um curso on-line, acabou virando uma plataforma.

O projeto é uma plataforma on-line de aprendizagem de hospitalidade que vem para facilitar o acesso à educação de qualidade no Brasil, com foco na prestação de serviços na área de alimentos e bebidas, trazendo métodos inovadores baseados em modelos de instituições internacionais. Nosso objetivo é promover uma melhoria geral no atendimento e operação na indústria de Alimentos e Bebidas por meio de uma gama de conteúdos oferecidos por nossa plataforma, trazendo um conceito inovador que veio transformar a aprendizagem na área de Hotelaria e Alimentos e Bebidas, por meio de uma educação disruptiva.

2) Consegue narrar a sensação de estar entre os 30 finalistas em meio a quase 600 inscrições de todo o mundo?

Eu fiquei muito emocionada quando recebi a ligação da Sommet Education, dizendo que eu tinha sido uma das 30 finalistas globalmente. Eu desejei muito conseguir estar entre os finalistas, liguei para todos que estavam envolvidos no projeto e meus familiares, todos ficaram muito felizes e emocionados também. É uma honra estar entre os 3 brasileiros selecionados e representar o nosso País com este projeto. 

3) Como premiação está a bolsa de estudos completa para cursos de mestrado, MBA e pós-graduação, bem como especializações em 30 programas diferentes de Hotelaria e Gastronomia, em instituições internacionalmente reconhecidas do Grupo Sommet Education: Glion Institute of Higher Education, Les Roches e École Ducasse, na Suíça, Inglaterra, Espanha e França. Você já escolheu o que fará?

Sim, desde que me inscrevi no concurso eu já almejava cursar o ‘Master’s in Hospitality Strategy and Digital Transformation’, na Les Roches, em Crans-Montana. Acredito que pelo projeto ser totalmente on-line, e trazer uma metodologia de educação disruptiva, esse curso será um grande agregador para a construção deste projeto e, quem sabe, desenvolvimento de outros no futuro. 

4) Você diria que ter estudado na Escola Superior de Hotelaria Castelli te ajudou, de alguma forma, a vencer esse desafio? Conte-nos como?

Com certeza. Todo o aprendizado que obtive na Castelli serviu de base para a construção deste projeto. Eu ainda utilizo os livros do professor Geraldo Castelli para pesquisas de treinamentos e consultorias que faço. Usamos muito como base o que aprendemos na faculdade para os conteúdos dos cursos que iremos lançar na plataforma.  

5) Nesse Desafio, você acredita que ao retomarmos o turismo é chegado o momento de repensar a hospitalidade? Nesse sentido você reviveu as aulas do Professor Geraldo Castelli que afirma que a hospitalidade é a arte da valorização das relações e desenvolvimento da humanização dos serviços?

Sim. Acredito que nós, profissionais da hospitalidade e de todas as áreas de negócios, iremos criar uma história nova pós-pandemia. Estamos correndo atrás de soluções, ideias e oportunidades, para que essa retomada seja o menos impactante possível. O novo cliente está com novos valores. Apenas ser atendido com boas técnicas não será o suficiente. O serviço terá que ser autêntico e genuíno. Com frequência, os estabelecimentos de hospitalidade, concentram-se no serviço profissional, não conseguindo entender o valor da hospitalidade para os seus negócios. Para isso é fundamental que saibamos o que são e como atuar nos 5 atos do Ritual da Hospitalidade, que são: Receber, Hospedar, Alimentar, Entreter e Despedir.  Foi quando eu resolvi reler o livro do professor Castelli, intitulado “Hospitalidade: olhares e conexões”, e então surgiu a ideia de criar a página do Ritual da Hospitalidade e daí em diante as ideias começaram a surgir, o que resultou neste projeto. 

6) O que você considera como principal diferencial no seu projeto no sentido de aumentar positivamente os impactos no setor do turismo?

Este projeto traz uma solução para melhorar os serviços e operações na indústria de alimentos e bebidas no Brasil, com grande potência de escalabilidade internacional, promovendo o acesso fácil e cristalino à educação e treinamento. Identificamos uma falta de opções de treinamento profissional de alta qualidade, que fossem inovadoras e descomplicado para os profissionais das áreas de serviços de alimentação.

As mudanças no mercado trouxeram um novo conceito de atendimento, pois hoje em dia além da crescente demanda por excelência em serviços no Brasil, o candidato precisa ser capaz de realizar diversos números de tarefas e ter uma visão sistêmica do setor. Com estes conteúdos, iremos trazer essa visão, o que possibilita ao candidato ter um diferencial competitivo no mercado. Além disso, identificamos a falta de programas de desenvolvimento profissional das instituições públicas e do governo para a população em geral que estão em dificuldades financeiras. Uma economia emergente precisa de mão de obra técnica e qualificada e o Brasil já aponta a carência desses profissionais. E, por fim, esses cursos são oportunidades potencialmente de mudança de vida, facilitando várias decisões de carreira. Não podemos esquecer também o benefício social de preparar pessoas para a indústria, formar cidadãos e contribuir para a inserção social de quem tende a estar à margem do que a vida em sociedade tem para oferecer.

7) É possível “reinventar” a hotelaria e, de quebra, aliar inclusão e sustentabilidade?

Com certeza. A hotelaria sempre impulsiona essas mudanças. Esse é o desafio. Na questão de sustentabilidade se vê hoje muitas redes hoteleiras com projetos sustentáveis em prol do meio ambiente, por exemplo, o Club Med, com o Projeto Green Globe, e o impacto é mundial. Ações como, a retirada dos canudos de plástico por canudos de papel, logística reversa de garrafas de vidro, separação de pets e latas para doar para instituições que façam o reaproveitamento, entre muitas outras que se pode ter dentro de um hotel. A norma ABNT NBR 15401 apresenta todo um sistema de gestão sustentável para auxiliar os estabelecimentos a monitorar essas ações. E aos que conseguirem seguir todas as normas, inclusive, podem ter essa certificação. 

Sobre inclusão, a hotelaria pode trazer diversas ações, como acesso a todos, por exemplo, abrindo os espaços para o público local. Muitas pessoas ainda acham que os produtos e serviços de um hotel só podem ser acessados para os hóspedes. Os hotéis começam então a abrir seus espaços para o público em geral, criando preços mais acessíveis ou participando de ações como Restaurante Week, criando uma experiência gastronômica mais barata. Outras formas de inclusão é criando menus especiais para dietas restritivas, como vegetarianos e veganos, intolerantes a lactose e glúten, entre outros. 

8) A educação é a base de um mundo mais hospitaleiro?

Para mim a educação é a forma mais eficiente de transformar a sociedade. Também acredito que é disso que se trata este Desafio: mudar a vida das pessoas por meio da educação. Eu acredito em talentos ocultos, aqueles que ainda não foram descobertos. Eles só precisam entrar no caminho certo. E é disso que se trata o meu projeto, é dar oportunidade a quem quer se especializar, impulsionar a carreira e construir qualificação profissional.

A excelência em hospitalidade é um ingrediente poderoso para construir uma experiência inesquecível e que impacta diretamente no serviço e nas operações. É por isso que criamos este projeto, para compartilhar os nossos conhecimentos e proporcionar uma troca de experiências entre profissionais e iniciantes com os componentes emocionais e sensoriais que envolvem o Ritual de Hospitalidade. E, também, inspirando os Hospitaleiros com a sensação de que seus 'trabalhos' não são apenas 'empregos', mas podem ser transformados em 'paixões' ou 'chamados', encorajando-os a viver, respirar e amar esta filosofia.

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